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Perfil ICC???

Quem trabalha em qualquer setor do ramo gráfico certamente já viu ou ouviu falar de “Perfil ICC”. Mas você sabe realmente do que se trata?

Apenas mais um arquivo?
O que ele contém?
Afinal, do que se trata um perfil?

Essas dúvidas podem ser comuns quando se ouve falar no famoso “Perfil ICC”. Assim como tudo na vida, trabalhar com algo que não se conhece ou não se domina totalmente pode acabar gerando problemas e curto prazo e causar um certo incômodo, algo como “estou lidando com algo, mas não sei exatamente o que é…”. O maior problema é que, no caso do perfil ICC, essa dúvida pode originar um resultado impresso final com sérios problemas no que se refere a cores e à fidelidade com o arquivo digital original. Ou, por outro lado, compreender e trabalhar adequadamente com esses perfis pode ser a chave para conseguir impressos visualmente atraentes e que assegurem a satisfação de seus clientes.

O que é e por que surgiu o perfil ICC: desvendando os mistérios

O arquivo ICC é um dos elementos mais importantes no contexto do sistema de gerenciamento de cores; também é um dos itens que geram mais dúvidas quando a forma mais adequada de se utilizar. No passado, a conversão de cores entre diferentes equipamentos e dispositivos era feita com base no conhecimento do profissional em relação aos processos tonais; esse conhecimento, por sua vez, estava restrito a um seleto grupo de gráficos experientes, adquirido por meio de inúmeras situações/problema resolvidas com base em processos de tentativa e erro.

O chamado “conhecimento empírico”. Esses profissionais normalmente trabalhavam em grandes empresas especializadas em sistemas de imagens e cores, como Linotype, Hell, Heidelberg etc. Era uma época em que as imagens capturadas pelos enormes scanners cilíndricos eram convertidas para CMYK com grande precisão, mas através de um processo “fechado”, onde os procedimentos eram limitados a cada modelo ou marca de dispositivo. Ou seja, cada empresa trabalhava com uma “linguagem” para os procedimentos de conversão de cores, dentro da qual assegurava sua precisão. Aos profissionais gráficos “comuns”, não era possível entender ou atingir aqueles resultados.
Perfil ICC em 3D

Essa tecnologia tinha suas vantagens, levando-se em consideração o uso de um sistema de produção analógico, onde fotolitos eram produzidos a partir dessas imagens escaneadas e, então, feitos os “strips”, permitindo chegar ao resultado desejado. Mas havia também desvantagens, principalmente o fato da necessidade de haver um profissional altamente capacitado para operar  esse scanner.
A primeira investida dos fabricantes desses equipamentos em direção ao mundo digital foi a utilização de placas que, ao serem instaladas, podiam transferir os dados para um Macintosh e inseri-los nas páginas criadas pelos programas como PageMaker e QuarkXPress.

Com a evolução dos equipamentos e sistemas, softwares, soluções para provas etc., o processo começou a se tornar mais digitalizado, e a Indústria passou a demandar uma maneira eficaz de manipular cores através de dados inseridos em arquivos de computadores. Com o objetivo de otimizar esse processo, foi criado um consórcio internacional de fabricantes de tecnologias de imagens para discutir e planejar uma melhor forma de viabilizar essas conversões, tornando esse procedimento um processo previsível e estável, capaz de se adequar ao novo universo digital que  então se abria. O consórcio, uma vez criado, foi chamado de “International Color Consortium”, o famoso ICC.

Nasce o perfil ICC
Explicado o motivo do surgimento do ICC, pode-se compreender o porquê de seu próximo passo – e que teve como consequência a criação de um “perfil” que assegurasse a realização do principal objetivo do consórcio: a padronização do trabalho com cores entre dispositivos no fluxo de criação digital. O arquivo ICC foi idealizado para ser utilizado em qualquer sistema operacional e seu padrão – aberto – permitiria a qualquer fabricante utilizá-lo.

Dentro desse documento foi construída uma estrutura que permitia definir como converter uma cor de RGB para CMYK. Ao lado, está uma figura que representa um perfil ICC.

Além disso, como solução para o gerenciamento de cores, passou-se a quantificar a cor, isto é, permitir que um tom fosse transformado em valores Lab. O perfil ICC possui internamente informações como target utilizado, curvas de graduação, leituras do target, valor do branco do papel etc.

Esses dados são de fundamental importância para que o processo de gerenciamento de cores possa utilizar cálculos para converter um espaço de cores para outro. Os arquivos também foram categorizados com base em suas características, como:

– Perfis de entrada (input profiles): são perfis utilizados para dispositivos de captura de imagens, tais como scanners e, mais recentemente, câmeras digitais. Eles possuem apenas um caminho para conversão de calores – do dispositivo para Lab.
– Perfis dos dispositivos ou de visualização (Displays profiles): perfis para visualização das cores, como monitores de tubo ou LCD.
– Perfis de saída (output profiles): indicados para os dispositivos em que serão liberadas as imagens, ou seja, os dispositivos-fim de todo o processo de trabalho. São impressoras de diferentes tipos, ou meios digitais, como Web.

Como são criados os perfis ICC
Um perfil ICC basicamente possui a coleção de dados coletados na leitura de um target. Com estes dados é possível construir o modelo matemático necessário.

Perfil ICC - aramadoNas a seguir é possível perceber como a quantidade de cores em um target pode formar o ICC. Quanto maior a quantidade de cores medidas no target, melhor definido será o modelo e, portanto, maior a precisão dos resultados.

Um target é uma coleção de cores que serão lidas e usadas para criar uma mapa matemático para descrição das cores que são possíveis de serem reproduzidas por um dispositivo.

Estrutura
Os perfis ICC podem armazenar informações obtidas através da leitura dos targets de duas maneiras: matriz e tabelas.

A primeira, matriz, consiste na coleção de nove números (matriz 3×3) que permite a conversão direta entre dois espaços de cores. Além das cores básicas, essa matriz armazena um ou mais dados sobre a reprodução dos meios tons, permitindo cálculos de variação para os tons intermediários. O espaço de cores utilizado, nesse caso, é sempre o CIE XYZ, mas os resultados normalmente são pouco precisos.

A segunda maneira – tabelas – também é chamada de “lookup”, table ou pela abreviação LUT. Essas tabelas permitem a busca e localização de um determinado valor de entrada e seu correspondente valor de saída. Os softwares de criação de perfis ICC definem quantos pontos serão colocados nas tabelas para a realização dos cálculos.

O número de pontos é importante, pois determina a performance das conversões de cores. Como os valores de saída são gerados através de cálculos matemáticos, a velocidade desses resultados é menor se comparada ao modelo baseado em matrizes. Essas duas estruturas, tão diferentes entre si, também possuem variações em relação às intenções de renderização, processo vinculado aos sistemas de ripagem.

Enquanto os ICC baseados em matrizes possuem apenas uma intenção renderização, as tabelas podem utilizar vários parâmetros; um para cada tipo de renderização (colorimétrica relativa, perceptual e de saturação). A tabela colorimétrica é apenas uma, mas utilizada para dois tipos de renderização, a absoluta e a relativa. Para ambas, o cálculo matemático leva em conta o branco do papel. Os perfis ICC de entrada e de visualização (monitores) podem estar baseados tanto em matrizes quanto nas tabelas. Já os perfis ICC de saída devem ser construídos por tabelas para atingirem a precisão necessária e suportarem s diferentes tipos de renderização. Assim, torna-se possível a esse tipo de ICC representar corretamente os dispositivos mais complexos para a reprodução das cores.
Uma dica para identificar esses dois níveis diferente é o tamanho do arquivo; o modelo de matrizes é, geralmente, representado por um arquivo pequeno, enquanto que o ICC baseado em tabelas possui um tamanho muito maior.

Tabelas em dois sentidos

Ao contrário das matrizes, que podem ser utilizadas com uma mesma estrutura para realizar a conversão nos dois sentidos entre os diferentes espaços de cores, as tabelas permitem uma conversão em sentido único; sendo assim, é necessário utilizar duas tabelas para efetuar esse procedimento:
– A2B: de dispositivos para Lab;
– B2A: de Lab para o dispositivo em questão;
Tabelas CMYK
Isso significa que, ao pedir para se converter uma determinada cor CMYK para Lab, a primeira tabela é utilizada e, no sentido inversão, usa-se a segunda amostra. Ambas são usadas quando é necessário converter cores entre dois espaços distintos. O espaço de cores Lab é utilizado para transformar e converter cores, e essa conversão é realizada dentro do contexto do gerenciamento de cores (CMM).
Tabelas RGB CMYK

Limitações
Mas nem tudo são rosas. Os perfis ICC também possuem limitações importantes a serem consideradas e, tão fundamental quanto saber usá-los, é conhecer esses limites e gerenciar adequadamente as cores dentro de seu workflow.

A primeira limitação é a o fato de não se poder cobrir toda a variação possível de um dispositivo. Por mais que se aumente a quantidade de cores de um target, torna-se cada vez mais difícil imprimir com consistência as cores. Por exemplo, uma impressora offset pode reproduzir 1496 tons com base no padrão ECI, exigindo uma área de 33×50 centímetros. Contudo, o formato de algumas impressoras não comporta tantas cores em apenas uma folha ou, ainda, esses equipamentos apresentam a dificuldade de assegurar uma impressão constante ao longo da folha, envolvendo acerto de tinteiros, densidades, contraste de impressão etc.

Um segundo problema está no fato de os perfis ICC não podem trabalhar com dados ou referências que o dispositivo não pode representar; a figura ao lado mostra dois perfis ICC, o ICC típico é mostrado com um formato bastante conhecido e o “pobre” não exibe as cores verde e azul. Esse ICC “pobre” é, na verdade, a representação de um situação de impressão de embalagens que utiliza cores especiais para atender a uma realidade de trabalho e, nesse caso, não podemos exigir que esse perfil mostre conversões para os tons azul e verde. Um terceiro fator é que a precisão de um ICC é equivalente a suas leituras. Se a leitura for imprecisa, devido a problemas com o equipamento ou outras possibilidades, o ICC resultante representará esse “erro” na impressão das cores.
ICC Tipico x ICC Pobre

Novidades da versão ICC 4

Os perfis ICC hoje, em sua maioria, são construídos seguindo as especificações da versão 2, mas a versão 4 dessa especificação foi lançada e começa a chegar aos softwares.

O objetivo geral é o aumento da precisão e a correção de algumas ambiguidades na conversão, ocorridas nos PCs (veja matéria anterior). Os benefícios da nova versão podem ser listados em cinco itens:
1 – A definição das intenções de renderização são mais precisas para evitar ambiguidades.
2 – A informação cromática é necessária agora.
3 – Perfis com mais de quatro cores devem especificar seus valores.
4 – Novas especificações de tabelas foram definidas para melhorar os resultados de buscas.
5 – Inclui especificações internas, como tags, relação entre PCS XYZ e Lab etc.

Artigo publicado na revista Desktop edição 92. Autor: Marcelo Copetti.
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